SCMP
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SÉCULOS XV E XVI
Fundada em 14 de março de 1499.
A carta que D. Manuel I escreveu aos homens bons e governantes do burgo portuense é referência obrigatória para todos aqueles que procuram, na história, essência e os motivos da fundação da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Esta carta foi determinante para que os homens do Porto se organizassem.
A recomendação régia, expressa a demonstração de espírito cristão, de caridade e solidariedade social, reinante na corte portuguesa, alicerçada e inspirada pela espiritualidade da Rainha D. Leonor.
Inicialmente instalada no Claustro Velho da Sé, a Misericórdia do Porto fixou-se, em meados do século XVI, naquelas que são hoje as instalações do MMIPO - Museu da Misericórdia do Porto, localizadas na Rua das Flores.
O primeiro grande impulso proveio da carta régia de 15 de maio de 1521, em que D. Manuel I ordenou a anexação de um conjunto de hospitais que anteriormente eram geridas pelo município. O Rei D. Manuel I, bem como a Rainha D. Leonor, além da concessão de muitos privilégios e isenções, fizeram várias doações à Misericórdia. Ao longo da história foram muitos os benfeitores que legaram os seus bens à instituição.
Em 1550 iniciou-se a construção da Igreja Privativa da. A capela-mor, erigida entre 1585 e 1590, com projeto da autoria do Mestre Pedreiro Manuel Luís, reflete a influência das gravuras de Vredeman de Vries, artista frísio que exerceu grande parte da sua atividade em Antuérpia.
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SÉCULO XVII
Em 1605, a Mesa Administrativa deliberou a construção de um novo hospital, denominado de D. Lopo de Almeida, benfeitor que faleceu em 29 de Janeiro de 1584 e que legou toda a sua fortuna à Misericórdia do Porto. O hospital, de que restam ainda alguns vestígios, implantar-se-ia no gaveto formado pela rua das Flores e dos Caldeireiros.
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SÉCULO XVIII
Em meados do século XVIII, a Igreja Privativa da Misericórdia, que ameaçava ruína, sofreu grandes alterações nomeadamente na nave, sob a direção do engenheiro Manuel Álvares, e na fachada, riscada pelo arquiteto italiano Nicolau Nasoni.
Na segunda metade de setecentos, o Hospital de D. Lopo de Almeida já não era suficiente para recolher todos os doentes que ai acorriam. Em 1769, o arquiteto inglês John Carr conclui o projeto do novo Hospital Real de Santo António. No ano seguinte foi benzida e lançada a primeira pedra. Em 1799 estava terminado o corpo sul, que foi ocupado por 150 mulheres doentes provenientes do Hospital de D. Lopo de Almeida.
Nesta época, além do Hospital de Santo António, a Misericórdia tinha à sua responsabilidade mais 6 hospitais e Casas de Recolhimento.
A Santa Casa assumia o encargo de zelar pelas crianças expostas na Roda, situada na Rua dos Caldeireiros, prestava dotações à orfandade e à viuvez e socorria, com assistência religiosa, médicos, enfermeiros e remédios, os presos da Cadeia Civil do Porto (atual Centro Português de Fotografia).
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SÉCULO XIX
No século XIX, outros estabelecimentos fundados graças à benemerência dos torna-viagem, vieram enriquecer a obra assistencial da instituição:
Estabelecimento Humanitário do Barão de Nova Sintra, legado em 1871 pelo seu fundador, José Joaquim Leite Guimarães;
Hospital de Alienados do Conde de Ferreira, inaugurado em 1883, graças ao legado de Joaquim Ferreira dos Santos;
Instituto para Surdos-Mudos Araújo Porto, inaugurado em 1893, criado com o legado de José Rodrigues de Araújo Porto.
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SÉCULOS XX E XXI
No início do século XX foi inaugurado o Asilo de Cegos de São Manuel (1904), para asilo e ensino de rapazes cegos, e o Hospital de Convalescentes D. Francisco de Noronha e Menezes (1906).
Destinado a combater a tuberculose, o Sanatório-Hospital Rodrigues Semide foi criado em 1926 com o legado do benemérito Manuel José Rodrigues Semide. Anos mais tarde, em 1938, fundou-se o Lar Pereira de Lima, estabelecimento destinado a acolher adultos cegos.
Em 1956, o professor José Albuquerque e Castro fundou o Centro de Produção do Livro para o Cego, posteriormente designado por Centro Professor Albuquerque e Castro - Edições Braille.
Durante o século XX, a Misericórdia procedeu à revalorização, ao aproveitamento e ao enriquecimento do seu património, com a construção de vários e grandes blocos residenciais.
Em 1976, a conjuntura sociopolítica levou à nacionalização dos Hospitais de Santo António, do Conde de Ferreira e de Rodrigues Semide. Ao passarem para a administração do Estado, a Misericórdia do Porto perdeu uma das suas grandes áreas
de intervenção - a saúde. Decorrida mais de uma década, a área da saúde conheceu um grande desenvolvimento com a construção do Hospital da Prelada - Dr. Domingos Braga da Cruz, inaugurado em 1988.
Mais recentemente construiu-se o Lar Nossa Senhora da Misericórdia e recuperou-se um imóvel que se transformou no estabelecimento, denominada "Casa da Rua - D. Lopo de Almeida", destinado ao apoio da população sem-abrigo. Reconverteu-se a denominada "Obra de Recuperação de Mulheres" numa casa abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica, atualmente designada por "Casa de Santo António", e retomou-se a gestão do Hospital Conde de Ferreira, atualmente designado Centro Hospitalar Conde de Ferreira.
Em 2005, a Santa Casa da Misericórdia do Porto passou a gerir alguns serviços do Estabelecimento Prisional Especial de Santa Cruz do Bispo, de acordo com protocolo estabelecido entre a Misericórdia e a Direção Geral dos Serviços Prisionais.
Em 2013, a Misericórdia do Porto assumiu a gestão do Centro de Reabilitação do Norte - Dr. Ferreira Alves, dando resposta às necessidades de saúde em Medicina Física e Reabilitação da população da região norte.